fotos: Juliano Arantes
Arte e ecologia na coleção
de Mary Figueiredo Arantes
A coleção retrata as belezas e a devastação da natureza brasileira, com técnicas artesanais e materiais alternativos.
A inovação da arte moderna, a natureza e a consciência ecológica são temas bastante influentes na moda da última década. Mesclando essas três fortes tendências, a designer Mary Figueiredo Arantes criou para o verão 2010 uma coleção inspirada nas obras do escultor e naturalista, Frans Krajcberg.
Na coleção “No meio do caminho tem uma árvore”, a designer faz uma homenagem ao artista polonês radicado no Brasil, que ganhou projeção internacional com esculturas em madeira calcinada e pedras que retratam as belezas e a devastação da fauna e da flora da amazônia e do pantanal matogrossense.
Utilizando materiais reciclados e técnicas artesanais, característicos do seu trabalho, Mary produziu bijuterias ousadas e ao mesmo tempo com requinte no acabamento. As peças foram desenvolvidas em conjunto com artistas convidados.
Materiais alternativos
Com a colaboração do mineiro Wallace Barros, borracha de pneu se transformou em tiras, que compõem colar em forma de galho, braceletes, além de revestimento com cortes e de efeito queimado dos pulseirões, denunciando a destruição das matas.
A madeira também foi bastante reaproveitada, seja em forma de tubos para composição de colares e pulseiras, lembrando troncos extraídos pelas madeireiras que se amontoam nos rios e nas beiras de estradas, ou de bolas para reproduzir frutos nativos.
Já as sobras de couro sintético, rejeitadas por indústrias, foram usadas pela estilista Brígida Barros na confecção de flores e folhagens que dão vida aos colares de Mary. Seda rústica, contas de resina, garrafas PET, bucha natural, tiras de couro trançados, fitas, folhas e penas de pavão entram na coleção, como detalhes em flores, troncos serrados e borboletas.
Celebrando as tradições
Mary retrata ainda em suas peças da arte popular cultivada em diferentes cantos do país com minúcias do trabalho manual. Rendas e as famosas garrafas com motivos de praia e coqueiros desenhados com areia do nordeste surgem como pingentes ornamentando gargantilhas.
Os legados da cultura africana são lembrados com cordões envolvidos em tecidos e fios muticoloridos. A cestaria, muito presente no artesanato brasileiro, é relembrada no colar de tressé de viés de seda, inspirada no acessório da tribo Massai, e no bracelete de metal dourado.
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